EXERCÍCIOS DE LITERATURA

2º ano 3º bimestre QUESTÕES SOBRE O ROMANTISMO NO BRASIL.

Exercícios de revisão - Romantismo brasileiro
Questão 01)  
Leia o seguinte fragmento de I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias.

II
Em fundos vasos d'alvacenta argila
     Ferve o cauim;
Enchem-se as copas, o prazer começa,
     Reina o festim.

O prisioneiro, cuja morte anseiam,
     Sentado está,
O prisioneiro, que outro sol no ocaso
     Jamais verá!

A dura corda, que lhe enlaça o colo,
     Mostra-lhe o fim
Da vida escura, que será mais breve
     Do que o festim!

Contudo os olhos d'ignóbil pranto
     Secos estão;
Mudos os lábios não descerram queixas
     Do coração.

Mas um martírio, que encobrir não pode,
     Em rugas faz
A mentirosa placidez do rosto
     Na fronte audaz!
DIAS, Gonçalves. I-Juca Pirama. In: I-Juca Pirama seguido de Os Timbiras.
Porto Alegre: L&PM Pocket, 1997. p. 13.

Durante o Romantismo, foram simultaneamente escritos poemas com características líricas e épicas. Nessa perspectiva, o fragmento de I-Juca Pirama constitui uma mistura de gêneros por

a)    descrever o ambiente de sacrifício e as características físicas do prisioneiro.
b)    contar o que se passa no coração dos Timbiras e no coração do prisioneiro.
c)    apresentar a preparação do sacrifício do prisioneiro e o seu estado de espírito.
d)    mostrar a vontade dos Timbiras em matar seu prisioneiro, descrevendo as suas condições físicas.
e)    evitar descrever o estado de ânimo dos Timbiras e se abster de apresentar o do prisioneiro.

Questão 02)  
Acerca da protagonista do romance Iracema, de José de Alencar, pode-se dizer que

I.     é uma heroína romântica, tanto por sua proximidade com a natureza, quanto por agir em nome do amor, a ponto de romper com a sua própria tribo e se entregar a Martim.
II.    é uma personagem integrada à natureza, mas que se corrompe moralmente depois que se apaixona por um homem branco civilizado e se entrega a ele.
III.   possui grande beleza física, descrita com elementos da natureza, o que faz da personagem uma representação do Brasil pré-colonizado.

Está(ão) correta(s)

a)    apenas I.
b)    apenas I e II.
c)    apenas I e III.
d)    apenas II e III.
e)    todas.

Questão 03)  
Leia os dois excertos da poesia de Castro Alves.

Texto 1

Senhor Deus dos Desgraçados!
Dizei-me Vós, senhor Deus!
Se é loucura...se é verdade
Tanto horror perante os céus...

Texto 2

Na selva sombria de tuas madeixas,
nos negros cabelos de moça bonita,
fingindo a serpente que enlaça a folhagem,
formoso enroscava-se o laço de fita.

Sobre esses versos e seu autor, podemos afirmar:

1.   os excertos representam as duas tendências da sua poesia: social/condoreira e lírico/amorosa.
2.   superando o individualismo dos românticos brasileiros, Castro Alves deu a sua arte um sentido social e revolucionário, como podemos ver no excerto 1.
3.   seu lirismo amoroso poetizou as mulheres em ardentes versos, como vemos no excerto 2, em linguagem muito rebuscada.

Estão corretas:

a)   1, 2 e 3
b)   1 apenas
c)   2 apenas
d)   3 apenas
e)   1 e 2 apenas

Questão 04)  
Em relação ao Romantismo é correto afirmar que

a)    os símbolos nacionais são exaltados e idealizados como expressão de amor à Pátria e formação de uma identidade.
b)    valoriza, na obra literária, o indivíduo e toda a sua complexidade, enfatizando a necessidade do controle racional.
c)    os textos literários traçam o perfil de anti-heróis que agem, sofrem e superam obstáculos para se qualificarem como exemplares.
d)    a literatura romântica combate os valores burgueses, dentre os quais estão a honra, o trabalho, a sinceridade e o heroísmo.
e)    a linguagem dos textos românticos é marcada pela rigidez, em que as fórmulas literárias contribuem para a expressão dos sentimentos.

Questão 05)  
Assinale a alternativa correta sobre a prosa romântica no Brasil.

a)   Retrata uma série de transformações econômicas, científicas e ideológicas, decorrentes de uma nova revolução industrial.
b)   Tem como principais características o racionalismo, a imitação dos clássicos, o bucolismo e o pastoralismo.
c)   Iniciou em meados do século XVI e caracteriza-se pela fluidez do tempo, que coloca o homem diante de um dilema: viver a vida ou preparar-se para a morte?
d)   Há o predomínio da objetividade, da observação, da verossimilhança e, principalmente, de uma visão cientificista da existência.
e)   Tem em José de Alencar um dos seus autores mais expressivos e também nomes como Joaquim Manoel de Macedo e Bernardo Guimarães, entre outros.

Questão 06)  
“No período romântico, a Literatura de cada nação européia buscava freqüentemente colocar em evidência seus respectivos heróis nacionais, representados por reis e cavaleiros andantes medievais. (...) Assim como os europeus buscavam um herói que representasse suas origens nacionais, alguns autores brasileiros faziam o mesmo.”
(José Luis Jobim e Roberto Acízelo de Souza. Iniciação à Literatura Brasileira, p. 115)

Esta reflexão se refere ao:

a)   Ultra-Romantismo.
b)   Indianismo.
c)   Condoreirismo.
d)   Medievalismo.
e)   Individualismo.

Questão 07)  
Em relação ao Romantismo, é verdadeiro afirmar que foi uma corrente literária

a)   da segunda metade do século XVII que se caracterizou pela total obediência às regras vigentes na época.
b)   cujos seguidores eram contra o arrebatamento lírico e preconizavam a arte pela arte, o virtuosismo técnico e o primado da razão sobre o sentimento.
c)   cujas principais características foram a liberdade de criação, a primazia da emoção sobre a razão, o subjetivismo, o culto da natureza, a evasão no tempo e no espaço.
d)   surgida logo após a Primeira Guerra Mundial e caracterizada por obras em prosa profundamente marcadas pela angústia da existência e pelo absurdo da condição humana.
e)   extremamente rica, que veio à luz na época do Renascimento e cujas primeiras manifestações revalorizavam os ideais clássicos de beleza, tais como: o equilíbrio, a harmonia e a clareza de expressão.

Questão 08)  
Leia o trecho abaixo, extraído de Navio Negreiro, de Castro Alves, e as alternativas.

Era um sonho dantesco!... o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

Nesse fragmento, o poeta

I.    denuncia a permanência do tráfico de escravos, embora esse tenha sido proibido pela Lei Eusébio de Queirós, de 1850.
II.   descreve a luta dos negros, transportados no navio, contra os seus opressores, apontando para a possibilidade de libertação.
III.  usa as exclamações como suporte para o tom de indignação e repúdio ao ato escravocrata.
IV.  alude, com a expressão “sonho dantesco” ao “Inferno”, de A Divina Comédia, para enfatizar o drama dos condenados à escravidão.

As afirmativas corretas são

a)   I e II.
b)   I e IV.
c)   II e III.
d)   III e IV.
e)   I, III e IV.

Questão 09)  
O Romantismo, no Brasil, nasceu com o projeto de se criar uma literatura nacional, diversa da portuguesa e, principalmente, da que fora cultivada nos três primeiros séculos da colonização. Dentro desse discurso de autonomia literária e identidade nacional, assinale a alternativa correta sobre a prosa e a poesia romântica brasileira.

a)   O fervor religioso, traço característico da formação do caráter brasileiro, marca predominantemente a poesia de Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Machado de Assis.
b)   Os poetas vão buscar na antiguidade clássica o modelo de literatura ideal para compor a nova literatura pátria.
c)   Sendo uma literatura que busca construir uma identidade nacional (no caso, a brasileira), podemos constatar na prosa — romances e contos —, particularmente nos personagens principais, ora heróis de origens africanas, ora de origens portuguesas.
d)   É na prosa de José de Alencar, tanto pela natureza quanto pela extensão dos temas abordados, que vamos encontrar o projeto romântico mais bem acabado de autonomia literária.
e)   Em mais de uma dezena de romances publicados entre os anos de 1860 e 1870, José de Alencar tem sua prosa marcada e perpassada, em quase totalidade, pela figura do Bom Selvagem como personagem principal.

Questão 10)  
Conhecido como o poeta dos escravos, Castro Alves marca sua poesia pela forte indignação para com a condição degradante e sub-humana do cativo. Porém, vamos encontrar também na sua poesia versos que falam dos encantos da mulher amada, do progresso e da técnica. Dentre os poemas abaixo, assinale qual deles pertence ao poeta baiano.

a)   Alma cheia de fogo e mocidade
Que ante a fúria dos reis não se acobarda,
Sonhava nesta geração bastarda
Glórias e liberdade.
b)   A praia é tão longa! E a onda bravia
As roupas de gaza te molha de escuma;
De noite — aos serenos — a areia é tão fria,
Tão úmido o vento que os ares perfuma!
c)   Minh’alma é toda saudade,
De saudades morrerei,
Disse-me, quando, minh’alma
Em saudades lhe deixei
d)   Para as estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas e amplidão vestindo.
e)   Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...

Questão 11)  
Considerando o fragmento abaixo, assinale a alternativa correta.

Era no tempo do rei.
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda cortando-se mutuamente chamava-se nesse tempo – O canto dos meirinhos –; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de pequena consideração).
Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual passavam os terríveis combatentes de citações, provarás, razões principais e finais e todos esses trejeitos judiciais que chamava o processo.
Daí sua influência moral.
(ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um
sargento de milícias. São Paulo: Moderna, 1993.)

a)   No romance de Manuel Antônio de Almeida, o ambiente social em que transcorre a ação é o Rio de Janeiro. Romance monótono nas suas intrigas jurídicas pela ação dos desembargadores e meirinhos (“gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária”), pode ser considerado um romance de “fórum” por apresentar uma série de debates sobre as leis e as audiências que envolvem a personagem malandra de Leonardo Pataca.
b)   Memórias de um sargento de milícias é uma obra que retrata a vida requintada do Rio de Janeiro, personagens populares e da alta sociedade, como desembargadores e meirinhos, documentando debates, costumes diversos, como procissões, vida em família e, principalmente, hábitos de pessoas refinadas que ofereciam festas nos salões aristocráticos.
c)   Memórias de um sargento de milícias é uma obra inovadora para sua época e pode ser considerada o romance de costumes do Romantismo brasileiro, que privilegia a cultura aristocrática urbana e seu caráter requintado, mas revela certos costumes das personagens simples do povo, tais como freqüentar festas religiosas e encontros festivos (piqueniques) fora da cidade.
d)   O romance em questão é considerado pela crítica especializada o documento fiel de uma determinada época: o período de D. João VI no Brasil e o sinal de mudança da mentalidade colonial para a vida aristocrática, representada pelos costumes da maioria das personagens que compõe a obra, como, por exemplo, a vida em família e os luxuosos bailes na Corte.
e)   O romance Memórias de um sargento de milícias apresenta um verdadeiro quadro de costumes, ao retomar o período de D. João VI no Brasil (“Era no tempo do rei; Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei”). Transformações e mudança de contexto colonial para a vida da Corte são descritas nas atividades que mostram aspectos da vida social da época, tais como danças, vida em família e eventos religiosos (procissões, por exemplo).

Questão 12)   
Representante máximo do ultra-romantismo, Álvares de Azevedo escreveu não só poemas, mas também teatro e prosa narrativa – é o caso de Noite na Taverna.
Sobre esse livro e seu autor, assinale a alternativa correta.
a)   Trata-se de um romance em que o protagonista é um típico herói romântico, sentimental e melancólico.
b)   Essa prosa é toda construída num clima de sonho e de delírio, ressaltando-se a dimensão fantástica tão cara aos byronianos.
c)   Como era próprio à arte romântica, os personagens dessa obra expressam a crença nos valores sociais, morais e religiosos, alicerces de uma cultura civilizada.
d)   Todos os personagens perseguem o amor sensual e o gozo físico, constituindo essa ação o motor do enredo em Noite na Taverna, cujo desfecho aponta para a satisfação de todos os rapazes da história.
e)   Pelo estilo de crônica que assume a prosa em Noite na Taverna, pode-se classificá-la como prérealista, como foram os romances Senhora, de Alencar, e Memórias de um Sargento de Milícias, de Almeida.

Questão 13)   
Leia as seguintes afirmações sobre as três gerações românticas da literatura brasileira e assinale a resposta correta.
I.    A primeira geração, também conhecida como nacionalista, busca recuperar o medievalismo do Velho Continente, reconformando, para tanto, a figura do índio brasileiro, que se torna europeizado.
II.   A segunda geração é conhecida como byroniana, de extremo idealismo, subjetividade, negativismo e morbidez da infância.
III.  A terceira geração, chamada de condoreira, tem em Castro Alves seu principal representante. Sua poesia social tem teor libertário.
IV.  A terceira geração tinha índole burguesa, com valores assentados na valorização da propriedade rural e no escravagismo.
V.   A primeira geração, ao implantar o Romantismo no Brasil, serve-se de valores da Idade Média, valores cristãos, portanto, alinhando-se a uma concepção de mundo teocêntrica.
VI.  A segunda geração é também chamada de ultra-romântica, pois apresentava extremo pessimismo, egocentrismo, exaltação da morte, supremo desencanto e desilusão.

Estão corretas somente as afirmativas:
a)   I, II, III e IV
b)   I, III, V e VI.
c)   I, II, V e VI.
d)   II, III, V e VI.
e)   II, IV, V e VI.

Questão 14)   
A poesia Romântica desenvolveu-se em três gerações: Nacionalista ou Indianista, do Mal-do-século e Condoreira. O Indianismo de nossos poetas românticos é:
a)   um meio de reconstruir o grave perigo que o índio representava durante a instalação da Capitania de São Vicente.
b)   um meio de eternizar liricamente a aceitação, pelo índio, da nova civilização que se instalava.    
c)   uma forma de apresentar o índio como motivo estético; idealização com simpatia e piedade; exaltação de bravura, heroísmo e de todas as qualidades morais superiores.
d)   uma forma de apresentar o índio em toda a usa realidade objetiva; o índio como elemento étnico da futura raça do Brasil.
e)   um modelo francês seguido no Brasil; uma necessidade de exotismo que em nada difere do modelo europeu.

Questão 15)  
A produção poética do Romantismo brasileiro apresentou características variadas, muitas vezes divergentes entre si. Assinale, abaixo, a alternativa que associa corretamente uma característica do nosso Romantismo e o poeta romântico que melhor a representa:
a)   indianismo — Álvares de Azevedo
b)   nacionalismo — Tomás Antônio Gonzaga
c)   expressão do mal-do-século — Gonçalves Dias
d)   denúncia da realidade sociopolítica — Castro Alves
e)   abolicionismo — Cruz e Sousa

Questão 16)   
O Romantismo foi um movimento marcado pelo individualismo e pelo egocentrismo. Com freqüência, o destino da grandeza individual dos escritores românticos era o distanciamento pessoal da vida em sociedade, através da solidão voluntária.
Considerando esse aspecto, leia o poema de Castro Alves e analise as questões a seguir.

O livro e a América
Oh! Bendito o que semeia
Livros, livros à mão cheia...
E manda o povo pensar...
O livro caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.
(Castro Alves)

a)   Castro Alves supera o extremo individualismo dos poetas anteriores de sua geração, dando ao Romantismo um sentido social e revolucionário.
b)   Através do isolamento e da fuga à realidade, Castro Alves traduz o desinteresse dos poetas românticos pelo público leitor.
c)   Castro Alves não apenas realizou uma poesia humanitária, participando de toda a propaganda abolicionista e republicana, como celebrou a instrução.
d)   O poeta vê a leitura como um instrumento de libertação.
e)   A poesia de Castro Alves pertence ao Realismo, e não ao Romantismo.

Questão 17)    
Com relação ao Romantismo brasileiro, é INCORRETO afirmar que
a)   a sua instauração no Brasil coincidiu com o processo de consolidação da independência do País.
b)   as três gerações desse movimento literário são: geração nacionalista ou indianista, geração do mal-do-século e geração condoreira.
c)   os românticos cultivam o nacionalismo através da exaltação da natureza, da Pátria, do retorno ao passado histórico e da criação do herói nacional.
d)   os narradores do Romantismo mostravam um homem que não se adaptava à vida na Colônia e que denunciava veemente as mazelas da corte.
e)   a razão, para o romântico, fica em segundo plano; sua maneira de analisar e expressar a realidade obedece ao sentimento, considerado como grande valor da vida do indivíduo.

Questão 18)   
Considerando Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo, assinale a alternativa correta:
a)   Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo, utiliza- se de uma linguagem marcada pela dualidade, em que se debatem duas formas distintas de ver e pensar a realidade.
b)   Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo, divide- se em três partes, em que se pode surpreender uma concepção estática e homogênea de literatura.
c)   Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo, vale- se de uma linguagem de tom essencialmente descritivista.
d)   Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo, caracteriza- se pelo uso de uma linguagem que busca inspiração nos modelos da Antigüidade clássica.
e)   Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo, traz um eu lírico que, diferentemente de seus contemporâneos, atinge a plena realização amorosa.

Questão 19)   
Leia o fragmento poético a seguir:

Lembrança de morrer
[...]
De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos, – bem poucos – e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoidecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
[...]
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
– Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
CANDIDO, Antonio. Melhores poemas de Álvares de Azevedo. 5. ed. São Paulo: Global, 2002. p. 45-46.

O significado do título “Lembrança de morrer” e a própria construção textual revelam o caráter diferenciador da poesia ultra-romântica de Álvares de Azevedo, que se expressa nesses versos pela
a)   idealização amorosa.
b)   tensão reflexivo-crítica.
c)   veia humorístico-satânica.
d)   manifestação erótico-sensual.
e)   celebração do amor demoníaco.

Questão 20)   
No Brasil, infelizmente, ainda esta revolução poética se não fez completamente sentir, nossos vates renegam sua pátria, deixam de cantar as belezas das palmeiras, as virgens das florestas, para saudarem os deuses do politeísmo greco-romano.
Adaptado de J.M.P.Silva

Essa crítica, publicada em 1836, contesta um estilo literário exemplificado pelo seguinte fragmento:
a)   Crioula! o teu seio escuro / Nunca deste ao beijo impuro! (Castro Alves)
b)   Última flor do Lácio, inculta e bela, / És, a um tempo, esplendor e sepultura: (Olavo Bilac)
c)   Vênus desmaia na infinita altura. (Alberto de Oliveira)
d)   Falam Deuses nos cantos do Piaga, (Gonçalves Dias)
e)   Vem, Cupido, soltar-me destes laços: (Alvarenga Peixoto)

Questão 21)    
Em relação ao Romantismo brasileiro, todas as afirmações são verdadeiras, exceto:
a)   expressão de nacionalismo através da descrição de costumes e regiões do Brasil.
b)   desenvolvimento do teatro nacional.
c)   análise crítica e científica dos fenômenos da sociedade brasileira.
d)   expressão poética de temas confessionais, indianistas e humanistas.
e)   caracterização do romance como forma de entretenimento e moralização.

Questão 22)     
Quem examina a atual literatura brasileira reconhece-lhe logo, como primeiro traço, certo instinto de nacionalidade. Poesia, romance, todas as formas literárias do pensamento buscam vestir-se com as cores do país, e não há que negar que semelhante preocupação é sintoma de vitalidade e abono de futuro.
Machado de Assis

As palavras acima, em texto crítico de 1873, acerca de escritores da época, poderiam ter sido sugeridas pela leitura do seguinte fragmento:
a)   E, enquanto o povo do Brasil convulso
Em nova lira canto, em novo plectro,
Fazei que fidelíssimo se veja
O vosso trono em propagar-se a Igreja.
                                                     Santa Rita Durão
b)   As festas, e batalhas mal sangradas
Do povo Americano, agora extinto,
Hei de cantar na lira. - Evoco a sombra
Do selvagem guerreiro! ...
                                                     Gonçalves Dias
c)   Não é de águas apenas e de ventos,
No rude som, formada a voz do Oceano:
Em seu clamor - ouço um clamor humano,
Em seu lamentos - todos os lamentos.
                                                     Alberto de Oliveira
d)   Era nesses momentos que dava plena expansão às saudades da pátria, com aquelas cantigas melancólicas em que sua alma de desterrado voava das zonas abrasadas da América para as aldeias da sua infância.
                                                     Aluísio de Azevedo
e)   O problema social para o progresso de uma região como o Brasil está na substituição de uma raça híbrida, como a dos mulatos, por europeus.
                                                     Graça Aranha

Questão 23)   
A respeito da poesia romântica, assinale como VERDADEIRAS as afirmações que estão corretas e como FALSAS as que não o são.
a)   Castro Alves pode ser considerado um poeta mais ligado à estética realista do que ao Romantismo, pela linguagem contundente com que analisa os problemas sociais da época.
b)   Na obra da segunda geração de poetas românticos brasileiros, encontram-se o tédio da vida e o cultivo da idéia da morte.
c)   Se eu morresse amanhã é um poema em que predomina a função emotiva da linguagem, acentuando o individualismo e o subjetivismo exacerbados.
d)   Gonçalves Dias foi um dos primeiros poetas românticos brasileiros e sua obra está marcada pelo indianismo, um dos temas marcantes da época.
e)   Casimiro de Abreu cultivou, em seus poemas, o tema da saudade da Pátria, em função do exílio que sofreu em Portugal, ao lado do lirismo amoroso.

Questão 24)    
Na época da independência do Brasil, quando nosso país precisava auto-afirmar-se como nação, entrou em vigência entre nós um estilo de época que, pelos ideais de liberdade que professava através de sua ideologia, se prestava admiravelmente a expressar anseios nacionalistas. Tal estilo foi:
a)   o Romantismo
b)   o Barroco
c)   o Realismo-Naturalismo
d)   o Modernismo
e)   o Neoclassicismo

Questão 25)    
Leia atentamente os trechos de três poemas, selecionados abaixo:

I
“Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz e escrevam nela;
– Foi poeta, sonhou e amou na vida.”

II
“Tarde, a vida me ensina
esta lição discreta:
a ode cristalina
é a que se faz sem poeta.”

III
“Poetas! Amanhã ao meu cadáver
Minha tripa cortai mais sonorosa!...
Façam dela uma corda e cantem nela
Os amores da vida esperançosa!”

Desses fragmentos, pertence(m) à estética Romântica:
a)   somente o I.
b)   apenas o I e o II.
c)   apenas o I e o III.
d)   nenhum deles.
e)   todos eles.

Questão 26)    
NÃO é próprio do Romantismo:
a)   Valorizar o indivíduo, o seu mundo interior, os seus sentimentos;
b)   Explorar assuntos nacionais como História, tradições, folclore, etc;
c)   Idealizar a mulher, tornando-a perfeita em todos os sentidos;
d)   Valorizar temas fúnebres e soturnos.
e)   Apresentar personagens construídos sob a ótica determinista, condicionados pela hereditariedade, meio ambiente e momento notório;

Questão 27)    
TEXTO
“Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros do que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeir.
O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.”
(ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Scipione, 1994, p. 10)

Após a independência, século XIX, a nova nação “precisava ajustar-se aos padrões de modernidade da época. […] Havia a necessidade de auto-afirmação da Pátria que se formava.”
(NICOLA, José de. Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1998. p. 125.)

No texto, temos uma das formas significativas do nacionalismo, sintetizado pelo:
a)   realismo naturalista
b)   sentimentalismo realista
c)   romantismo indianista
d)   bucolismo neoclassicista
e)   nativismo modernista

Questão 28)  
TEXTO
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.

Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Gonçalves Dias

O texto confirma que:
a)   os poetas românticos afastaram-se da rigidez dos modelos clássicos, buscando a adequação entre conteúdo emotivo e linguagem musical.
b)   a temática regionalista, explorada criticamente pelo Romantismo, representou a busca das origens autenticamente nacionais.
c)   somente a partir da segunda geração romântica os autores brasileiros conseguiram tematizar aspectos da cultura nacional, afastando-se da tradição européia.
d)   a representação lírica da exuberante natureza brasileira é o aspecto mais significativo da poesia da terceira geração romântica.
e)   a primeira geração romântica, no Brasil, tem como traços estilísticos caracterizadores o egocentrismo exacerbado, o tom lírico confessional e o erotismo amoroso.

Questão 29)
TEXTO
01Os encantos da gentil cantora eram ainda realçados pela singeleza, 02e diremos quase pobreza do modesto trajar. Um vestido de chita 03ordinária azul-clara desenhava-lhe perfeitamente com encantadora 04simplicidade o porte esbelto e a cintura delicada, e desdobrando-se-05lhe em roda em amplas ondulações parecia uma nuvem, do seio da 06qual se erguia a cantora como Vênus nascendo da espuma do mar, ou 07como um anjo surgindo dentre brumas vaporosas. (...) 08Entretanto, abre-se sutilmente a cortina de cassa de uma das portas 09interiores, e uma nova personagem penetra no salão. Era também uma 10formosa dama ainda no viço da mocidade, bonita, bem feita e elegante. 11(...) Mas com todo esse luxo e donaire de grande senhora nem por isso 12sua beleza deixava de ficar algum tanto eclipsada em presença das 13formas puras e corretas, da nobre singeleza (...) da cantora. Todavia 14Malvina era linda, encantadora mesmo, e posto que vaidosa de sua 15formosura e alta posição, transluzia-lhe nos grandes e meigos olhos 16azuis toda a nativa bondade de seu coração.
                                                                                  Bernardo Guimarães
Obs.: donaire = graça no manejo do corpo, no andar; distinção.

Assinale a alternativa que apresenta significativo traço do estilo romântico comprovado com passagem do texto.
a)   A contenção emotiva, que caracteriza a descrição panorâmica, aliada ao uso de clichê da tradição mitológica: Vênus nascendo da espuma do mar (ref. 06).
b)   A associação de características da figura feminina a imagens fluidas e voláteis – nuvem, espuma do mar, brumas vaporosas (ref. 05, 06 e 07) –, criando atmosfera de envolvente devaneio.
c)   O contraste que se estabelece entre “matéria” e “espírito”: a idealização do esplendor físico da mulher aristocrática, em oposição à frivolidade de seu caráter (vaidosa de sua formosura e alta posição, ref. 14 e 15).
d)   A opção pela prosa descritiva permite as divagações egocêntricas (em amplas ondulações parecia uma nuvem, ref. 05), em detrimento de um registro de aspectos do mundo social.
e)   A descrição pormenorizada e crítica de um universo feminino, caracterizado por personagens que se deixam dominar pelos instintos e valores materialistas da sociedade burguesa: os requintes da beleza física, por exemplo (formosa dama... bonita, bem feita e elegante, ref. 10).

Questão 30) 
TEXTO I

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
(ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Ática, 1994, cap 2.)

     TEXTO II

(Iracema voou)

Iracema voou
Para a América
Leva roupa de lã
E anda lépida
Vê um filme de quando em vez
Não domina o idioma inglês
Lava chão numa casa de chá

Tem saído ao luar
Com um mímico
Ambiciona estudar
Canto lírico
Não dá mole pra polícia
Se puder, vai ficando por lá
Tem saudades do Ceará
Mas não muita
Uns dias, afoita,
Me liga a cobrar:
−É Iracema da América.
(HOLANDA, F. Buarque. As cidades. Rio de Janeiro: BMG, 1998.)

A respeito do Romantismo na literatura brasileira, assinale a afirmativa correta.
a)   Alencar utiliza-se de vocabulário erudito e castiço, argumentando literariamente em defesa da permanência da língua portuguesa tal como falada em Portugal, tema que será retomado pelos modernistas.
b)   O traço ufanista do Romantismo impede que suas obras contribuam para uma reflexão sobre o que seja o Brasil, resultando estéril seu projeto nacionalista.
c)   O tema do índio começa a ser tratado na literatura brasileira a partir do Romantismo, séc. XIX, até então somente a geografia e as riquezas naturais interessavam aos escritores que aqui produziam.
d)   O tema da terra e do regional na perspectiva socioeconômica, própria do Romantismo, é retomado pelo Romance de 30.
e)   Com a consciência possível em seu tempo, Alencar faz exaltação da natureza, sem deixar de dar indícios de que via no europeu o autor de danos à ecologia.
Questão 31)
TEXTO
“O Romantismo brasileiro dominou a maior parte da paisagem literária nacional no século 19. Apesar das influências européias, abordou uma gama variada de temas envolvendo diferentes autores que marcaram a época.”
Dentre as alternativas abaixo, assinale a que NÃO se refere ao Romantismo no Brasil:
a)   saudosismo e melancolia são temas freqüentes dos poetas que fizeram parte da chamada geração perdida.
b)   o indianismo foi uma forte presença na segunda geração dos românticos que idealizavam o passado nacional.
c)   o caráter reacionário do Romantismo serviu como resistência ao movimento de Independência do Brasil colônia.
d)   o romance urbano retratava uma visão idílica e harmoniosa de uma sociedade dividida entre homens livres e escravos.
e)   a figura o índio era exaltada por meio de figuras lendárias de guerreiros e heróis que teriam sido absorvidos pela cultura nacional.

Texto comum às questões: 32, 33

O NAVIO NEGREIRO
Castro Alves
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

Questão 32)  
Uma característica marcante dos poetas da última fase do Romantismo, á qual pertence Castro Alves, especialmente presente nesse poema é:
a)   o uso de versos brancos e livres
b)   o escapismo como temática e proposta
c)   a citação dos poetas barrocos e árcades
d)   o tom declamatório e engajado
e)   a exaltação da pátria somente enaltecendo as qualidades

Questão 33)   
No poema “O Navio Negreiro”, Castro Alves expõe a sua indignação diante da situação do negro-escravo e essa obra é uma das muitas manifestações poéticas que, ao longo da nossa Literatura – e desde o Barroco até nossos dias – tiveram um apelo centrado no(a):
a)   engajamento nas lutas classistas operárias
b)   revolta contra o colonizador português
c)   comprometimento com a problemática social
d)   indignação com o desgoverno e a impunidade
e)   irreverência diante do descomprometimento social

Questão 34)
TEXTO 
Leia o trecho do romance Senhora, de José de Alencar, em que Aurélia fala com Seixas, e responda.

– Mas o senhor não me abandonou pelo amor de Adelaide e sim por seu dote, um mesquinho dote de trinta contos! Eis o que não tinha o direito de fazer, e que jamais lhe podia perdoar! Desprezasse-me embora, mas não descesse da altura em que o havia colocado dentro de minha alma. Eu tinha um ídolo; o senhor abateu-o de seu pedestal, e atirou-o no pó. Essa degradação do homem a quem eu adorava, eis o seu crime; a sociedade não tem leis para puni-lo, mas há um remorso para ele. Não se assassina assim um coração que Deus criou para amar, incutindo-lhe a descrença e o ódio.
No trecho, observa-se uma crítica à sociedade burguesa do século XIX, no que se refere
a)   à infidelidade das esposas.
b)   à supervalorização do trabalho.
c)   às uniões por dinheiro e não por amor.
d)   ao conformismo da classe operária.
e)   à falta de ambição dos homens.

Questão 35)  
Leia os versos a seguir.

Ó minha amante, minha doce virgem,
Eu não te profanei, e dormes pura:
No sono do mistério, qual na vida,
Podes sonhar apenas na ventura.

Associe o movimento literário à característica literária, considerando-os em relação aos versos lidos.

I.    Arcadismo
II.   Romantismo
III.  Modernismo

a.   subjetivismo
b.   idealização da mulher
c.   bucolismo

A associação correta está expressa em:

a)   I-a.
b)   I-c.
c)   II-b.
d)   II-c.
e)   III-b.

GABARITO:
1.       C
2.       C
3.       E
4.       A
5.       E
6.       B
7.       C
8.       E
9.       D
10.   E
11.   E
12.   B
13.   B
14.   D
15.   D
16.   VFVVF
17.   D
18.   A
19.   B
20.   E
21.   C
22.   B
23.   FVVVV
24.   A
25.   E
26.   E
27.   C
28.   A
29.   B
30.   E
31.   C
32.   D
33.   C
34.   C
35.   C

Postado por Profa Margareth Acerbi às 07:28

 3º ANO 1º BIMESTRE

                    

                                                        O PRÉ MODERNISMO

               


IntroduçãoA realização deste trabalho tem como objetivo mostrar os fatos, ocorrências, conseqüências de um dos períodos da nossa Literatura, o Pré-Modernismo.

Tentaremos mostrar claramente, com a melhor das intenções, os fatos e características de tal assunto, e também através da realização deste trabalho, procuraremos tirar o maior proveito para o nosso aprendizado, buscando colher mais informações úteis que sejam satisfatórias para que por meio da pesquisa, nós possamos engrandecer o nosso conhecimento.

Pré-ModernismoO pré-modernismo deve ser situado nas duas décadas iniciais deste século, até 1922, quando foi realizada a Semana da Arte Moderna. Serviu de ponte para unir os conceitos prevalecentes do Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo.

O pré-modernismo não foi uma ação organizada nem um movimento e por isso deve ser encarado como fase.

Não possui um grande número de representantes mas conta com nomes de imenso valor para a literatura brasileira que formaram a base dessa fase.

O pré-modernismo, também conhecido como período sincrético. Os autores embora tivessem cultivado formalismos e estilismos, não deixaram de mostrar inconformismo perante suas próprias consciências dos aspectos políticos e sociais, incorporando seus próprios conceitos que abriram o caminho para o Modernismo.

Essa foi uma fase de uma grande transição que nos deixou grandes jóias como Canaã de Graça Aranha; Os Sertões de Euclides da Cunha; e Urupês de Monteiro Lobato.

O que se convencionou em chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constitui uma escola literária, ou seja, não temos um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas características. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária que caracterizaria os primeiros vinte anos deste século. Aí vamos encontrar as mais variadas tendências e estilos literários, desde os poetas parnasianos e simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo regionalismo, outros preocupados com uma literatura política e outros, ainda, com propostas realmente inovadoras.

Por apresentarem uma obra significativa para uma nova interpretação de realidade brasileira, bem como pelo valor estilístico, limitaremos o Pré-Modernismo ao estudo de Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. Assim, abordaremos o período que se inicia em 1902 com a publicação de dois importantes livros - Os sertões, de Euclides da Cunha e Canaã, de Graça Aranha - e se estende até o ano de 1922, com a realização da Semana da Arte Moderna.

Momento Histórico

Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894, um novo período de sua história republicana: com a posse do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente civil, inicia-se a "República do café-com-leite", dos grandes proprietários rurais, em substituição a "República da Espada" (governos do marechal Deodoro e do marechal Floriano). É a áurea da economia cafeeira no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes levas de imigrantes, notadamente os italianos; é o esplendor da Amazônia com o ciclo da borracha; é o surto de urbanização de São Paulo.

Mas toda esta prosperidade vem deixar cada vez mais claros os fortes contrastes da realidade brasileira. É, também, o tempo de agitações sociais. Do abandono do Nordeste partem os primeiros gritos da revolta. Em fins do século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de Canudos, tema de Os sertões, de Euclides da Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Ceará é o palco de conflitos, tendo como figura central o padre Cícero, o famoso "Padim Ciço"; em todo o sertão vive-se o tempo do cangaço, com a figura lendária de Lampião.

O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida mais intensa revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade, tratava-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da República. Em 1910, há outra importante rebelião, desta vez dos marinheiros liderados por João Cândido, o "almirante negro", contra o castigo corporal, conhecida como a "Revolta de Chibata". Ao mesmo tempo, em São Paulo, as classes trabalhadoras sob a orientação anarquista, iniciam os movimentos grevistas por melhores condições de trabalho.

Essas agitações são sintomas de crise na "República do café-com-leite", que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana da Arte Moderna.

CaracterísticasApesar de o Pré-Modernismo não constituir uma escola literária, apresentando individualidades muito fortes, com estilos às vezes antagônicas - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha e Lima Barreto -, podemos perceber alguns pontos em comum entre as principais obras pré-modernistas.

Apesar de alguns conservadorismos, são obras inovadoras, apresentando uma ruptura com o passado, com o academismo; a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteadas de palavras "não poéticas" como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta à poesia parnasiana ainda em vigor; a denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário herdado de Romantismo e Parnasianismo; o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo;

* o regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito do Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto;
* os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos;
* uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a ficção.

Conclusão

No decorrer da realização deste trabalho, as intenções de alcançar sua perfeição foram as melhores possíveis.

Através dele pudemos entender e compreender diversas fases e acontecimentos de nossa literatura.

Ao concluir a realização deste trabalho, foi imensa, a minha satisfação pelo conhecimento adquirido, tendo certeza, que tais acontecimentos, é de suma importância para a continuidade de nossa história.

Autoria: Sonia Yamamoto

Pré-Modernismo (artigo 2)

Nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do século XX, o Brasil também viveu sua bélle époque. Nesse período nossa literatura caracterizou-se pela ausência de uma única diretriz. Houve, isso sim, um sincretismo estético, um entrecruzar de várias correntes artístico-literárias. O país vivia na época uma constante tensão.

Nesse contexto, alguns autores refletiam o inconformismo diante de uma realidade sócio-cultural injusta e já apontavam para a irrupção iminente do movimento modernista. Por outro lado, muitas obras ainda mostravam a influência das escolas passadas: realista/naturalista/parnasiana e simbolista. Essa dicotomia de tendências, uma renovadora e outra conservadora, gerou não só tensão, mas sobretudo um clima rico e fecundo, que Alceu Amoroso Lima chamou de Pré-Modernismo. 

Quanto à prosa, podemos distinguir três tipos de obras:

1- Obras de ambiência rural e regional - que tem por temática a paisagem e o homem do interior.

2- Obras de ambiência urbana e social - retratando a realidade das nossas cidades.

3- Obras de ambiência indefinida - cujos autores produzem uma literatura desligada da realidade sócio-econômica brasileira.

Características : A) ruptura com o passado - por meio de linguagem chocante, com vocabulário que exprime a “frialdade inorgânica da terra”.

B) inconformismo diante da realidade brasileira - mediante um temário diferente daquele usado pelo romantismo e pelo parnasianismo : caboclo, subúrbio, miséria, etc..

C) interesse pelos usos e costumes do interior - regionalismo, com registro da fala rural.

D) destaque à psicologia do brasileiro - retratando sua preguiça, por exemplo nas mais diferentes regiões do Brasil.

E) acentuado nacionalismo - exemplo Policarpo Quaresma.

F) preferência por assuntos históricos.

G) descrição e caracterização de personagens típicos - com o intuito de retratar a realidade política, e econômica e social de nossa terra.

H) preferência pelo contraste físico, social e moral.

I) sincretismo estético - Neo-Realismo, Neoparnasianismo, Neo-Simbolismo.

J) emprego de uma linguagem mais simples e coloquial - com o objetivo de combater o rebuscamento e o pedantismo de alguns literatos.

Principais autores :

Na poesia: Augusto dos Anjos, Rodrigues de Abreu, Juó Bananére, etc..

Na prosa: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato, Afonso Arinos, Simões Lopes, Afrânio Peixoto, Alcides Maia, Valdomiro Silveira, etc...

ATIVIDADES

01. (FUVEST) No romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, o nacionalismo exaltado e delirante da
personagem principal motiva seu engajamento em três diferentes projetos, que objetivam “reformar” o país. Esses projetos visam, sucessivamente, aos seguintes setores da vida nacional:

a) escolar, agrícola e militar;
b) lingüístico, industrial, e militar;
c) cultural, agrícola e político;
d) lingüístico, político e militar;
e) cultura, industrial e político.


02. Nas duas primeiras décadas de nosso século, as obras de Euclides da Cunha e de Lima Barreto, tão diferentes entre si, têm como elemento comum:

a) A intenção de retratar o Brasil de modo otimista e idealizante.
b) A adoção da linguagem coloquial das camadas populares do sertão.
c) A expressão de aspectos ate então negligenciados da realidade brasileira.
d) A prática de um experimentalismo lingüístico radical.
e) O estilo conservador do antigo regionalismo romântico.


03. Augusto dos Anjos é autor de um único livro, Eu, editado pela primeira vez em 1912. Outras Poesias acrescentaram-se às edições posteriores. Considerando a produção literária desse poeta, pode-se dizer que:

a) Foi recebida sem restrições no meio literário de sua época, alcançando destaque na história das formas literárias brasileiras.

b) Revela uma militância político-ideológica que o coloca entre principais poetas brasileiros de veio
socialista.

c) Foi elogiada poeticamente pela crítica de sua época, entretanto não representou um sucesso de público.

d) Traduz a sua subjetividade pessimista em reação ao homem e ao cosmos, por meio de um vocabulário em reação ao homem e ao cosmos, por meio de um vocabulário técnico-científico-poético.

e) Anuncia o Parnasianismo, em virtude das suas inovações técnico-científicas e de sua temática
psicanalítica.


04. Assinale a associação incorreta:

a) Lobato – narrativa oral.
b) Lima Barreto – simplicidade, oposição ao preciosismo.
c) Graça Aranha – sincretismo entre Realismo, Simbolismo e Impressionismo.
d) Euclides da Cunha – “barroco cientifico”.
e) Coelho Neto – simplicidade, apontado pelos modernistas como exemplo.


05. Assinale a falsa, sobre Monteiro Lobato:

a) traz a paisagem do Vale do Paraíba paulista, denunciando a devastação da natureza pela pratica
agrícola da queimada;

b) explora os aspectos visíveis do ser humano; seus contos têm quase sempre finais trágicos e deprimentes;

c) vale-se das tradições orais do caipira, personificado pelo Jeca Tatu, valendo-se do coloquialismo do
“contador de casos”;

d) nos romance Urupês e Cidades Mortas aborda a decadência da agricultura no Vale do Paraíba, após o “ciclo” do café;

e) n.d.a. 


06. Em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a natureza:

a) condiciona o comportamento do homem, de acordo com as concepções do determinismo cientifico de fins do século XIX;
b) é objeto de uma descrição romântica impregnada dos sentimentos humanos do autor;
c) funciona como contraponto à narração, ressaltando o contaste entre o meio inerte e o homem
agressivo;
d) é o tema da primeira parte da obra, A Terra, mas não funciona como elemento determinante da ação;
e) é cenário desolador, dentro do qual vivem e lutam os homens que podem transformá-la, sem que sejam por ela transformados.


07. A obra de Lima Barreto:

a) É considerada pré-modernista, uma vez que reflete a vida urbana paulista antes da década de 20.
b) Gira em torno da influencia do imigrante estrangeiro na formação da nacionalidade brasileira, refletindo uma grande consciência crítica dessa problemática.
c) Reflete a sociedade rural do século XIX, podendo ser considerada precursora do romance regionalista moderno.
d) É pré-modernista, refletindo forte sentimento nacional e grande consciência critica de problemas
brasileiros.
e) Tem cunho social, embora esteja presa aos cânones estéticos e ideológicos românticos e influenciou fortemente os romancistas da primeira geração modernista.


08. Assinale a alternativa em que aparecem três características de Rui Barbosa:

a) espírito combativo, sinonímia, historiador;
b) poeta parnasiano, lirismo, subjetividade;
c) retratista, análise, regionalista;
d) orador exímio, justeza verba, linguagem elaborada;
e) critica, sátira, barroquismo.


09. “Sofreu influencias das idéias deterministas de Taine; nacionalista ferrenho, deu grande valor à mestiçagem; foi o primeiro intérprete da evolução cultural e espiritual brasileira; ignorando Hege, Engels e Marx faltou-lhe uma concepção totalizante e dialética da cultura.”:

a) Raul Pompéia;
b) Sílvio Romero;
c) Rui Barbosa;
d) Domingos Olímpio;
e) Adolfo Caminha.


10. A obra reúne uma série de artigos, iniciados com Velha Praga, publicados em O Estado de São Paulo a 14-11-1914. Nestes artigos o autor insurge-se contra o extermínio das matas da Mantiqueira pela ação nefasta das queimadas, retrógrada pratica agrícola perpetrada peã ignorância dos caboclos, analisa o primitivismo da vida dos caipiras do Vale da Paraíba e critica a literatura romântica que cantou liricamente esses marginais da civilização:

a) Contrastes e Confrontos (Euclides da Cunha);
b) Urupês (Monteiro Lobato);
c) Idéias de Jeca Tatu (Monteiro Lobato);
d) À Margem da História (Euclides da Cunha);
e) n.d.a.

GABARITO 
01.C 02.C 03.D 04.E 05.B 06.A 07.D 08.D 09.B 10.B  






                Semana de Arte Moderna

1. Onde e quando aconteceu a Semana de Arte Moderna?
_________________________________________________________________________________________________________

2. O que marca a Semana de Arte Moderna na literatura brasileira?
_________________________________________________________________________________________________________

3. Cite dois artistas participantes da Semana na:
a) Música: b) Literatura: c) Pintura:
_________________________________________________________________________________________________________

4. Cite dois livros publicados antes da realização da SAM, que de uma forma ou de outra, motivaram a realização da mesma.
_________________________________________________________________________________________________________

5. Além de declamação de poesia, o que mais foi apresentado nesses três dias?
_________________________________________________________________________________________________________

6. Cite os dois objetivos principais da Semana de Arte Moderna.
_________________________________________________________________________________________________________

7. Qual o nome do poema de Manuel Bandeira lido na SAM por Ronald de Carvalho?
_________________________________________________________________________________________________________


8. Em dezembro de 1917, Anita Malfatti realizou em São Paulo uma exposição de arte com cinqüenta e dois trabalhos que apresentavam forte tendência expressionista, dentre os quais “A estudante russa”.



Sobre a obra, é correto afirmar:

a) O tratamento realista que recebeu tornou-a alvo de críticas mordazes dos modernistas durante a exposição de 1917.
b) Revela o principal objetivo dos artistas modernistas brasileiros: a elaboração de obras de difícil compreensão para o público.
c) É resultado da busca de padrões acadêmicos europeus para a reprodução da natureza com o máximo de objetividade e beleza.
d) Marca o rompimento com o belo natural na arte brasileira, refletindo a liberdade do artista na interpretação do mundo.
_________________________________________________________________________________________________________

9. Na década de 20, anos pioneiros do modernismo, artistas como Brecheret, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral expressaram em suas obras a visão de mundo daquele período. Observe as reproduções a seguir dos artistas citados e assinale a alternativa que corresponde aos conteúdos expressos pelos artistas.



a) Potência e força; malícia e sensualidade; brasilidade e imaginário popular.
b) Brasilidade e imaginário popular; religiosidade e espiritualidade; malícia e sensualidade.
c) Malícia e sensualidade; suavidade e lirismo; dramaticidade e ansiedade.
d) Brejeirice e volúpia; devoção e espiritualidade; potência e força.

_________________________________________________________________________________________________________

10. Assinale a alternativa que indica o nome do(a) artista que ilustrou a capa, reproduzida abaixo, para o Catálogo da Semana de Arte Moderna de 1922.
a) Emiliano Di Cavalcanti b) Mario de Andrade c) Victor Brecheret d) Anita Malfatti


11. Sobre a importância da SAM, analise os itens a seguir:
I. Representou a confluência de várias tendências de renovação;
II. Conseguiu chamar a atenção dos meios artísticos de todo o país e aproximar artistas com idéias modernistas que se encontravam dispersos.
III. Permitiu a troca de idéias e de técnicas, o que ampliaria os diversos ramos artísticos e os atualizaria em relação ao que se fazia na Europa. Estão corretas: a) I e II b) II e III c) I, II e III d) I e III
_________________________________________________________________________________________________________

12. Observe a obra “A Negra” de Tarsila do Amaral e responda às questões A e B.
A - Em “A Negra”, Tarsila estabelece um diálogo entre uma poética construtiva européia e uma das vertentes do modernismo brasileiro. São elas, respectivamente:
a) Cubismo e Movimento Pau-Brasil. b) Futurismo e Movimento Pau-Brasil.
c) Surrealismo e Movimento Antropofágico. d) Impressionismo e Movimento Antropofágico.

B - A partir da observação da figura, é correto afirmar que a obra apresenta:
a) Preocupação em retratar fielmente a realidade humana e social do país através de um tratamento formal naturalista.
b) Um afastamento da realidade física e humana do Brasil, a partir da adesão aos postulados e procedimentos das vanguardas históricas européias.
c) Características conservadoras contrárias às conquistas estéticas do Movimento Modernista.
d) Uma relação entre imaginário popular e procedimentos plásticos extraídos das vanguardas européias.


13. Sobre os manifestos ocorridos no Brasil após a SAM, enumere-os de acordo:
1. Pau-Brasil 2. Verde-Amarelismo 3. Manifesto Regionalista 4. Antropofagia
1. ( ) Início quando Oswald de Andrade lança o “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”.
2. ( ) Alguns participantes: Tarsila, Oswald, Mário de Andrade, Raul Bopp
3. ( ) Parte-se para a idolatria do tupi e elege-se a anta como símbolo nacional.
4. ( ) Objetivo desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste dentro dos novos valores do Modernismo.
5. ( ) Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil.
6. ( ) Criticava o nacionalismo “afrancesado” de Oswald de Andrade e apresentava um nacionalismo ufanista.
7. ( ) Aprofunda e amplia as propostas presentes em Pau-Brasil.
8. ( ) Participantes: Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Paulo Prado.
9. ( ) Inspirado no “Abaporu”.
10. ( ) “— A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. como somos.”
11. ( ) Proposta: trabalhar em prol dos interesses da região: social, econômico e cultural.
12. ( ) Propunham a devoração da cultura estrangeira, porém sem perder nossa identidade cultural.
_________________________________________________________________________________________________________


14. A polêmica Semana de 22, os escândalos no Teatro Municipal de São Paulo e as críticas ferozes levaram artistas e
intelectuais modernistas a criarem veículos representativos e de disseminação do ideário estético do Movimento
Modernista Brasileiro. Assinale a capa da publicação que registra o momento inicial de articulação daquele ideário.

_________________________________________________________________________________________________________


15. “Carnaval em Madureira” é parte integrante da fase Pau-Brasil de Tarsila do Amaral. Com base na obra e nos conhecimentos sobre o “Manifesto Pau-Brasil”, de Oswald de Andrade, é correto:
a) A obra de Tarsila do Amaral reflete profunda tristeza acerca da dura vida na favela, sendo esta mesma tristeza professada no “Manifesto Pau-Brasil”.
b) A Torre Eiffel no meio da favela reforça uma das idéias contidas no “Manifesto Pau-Brasil”: a arte européia sempre foi superior à arte brasileira.
c) Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade propõem uma arte ligada às raízes culturais brasileiras, não perdendo de vista a expressão artística moderna.
d) Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade criticam os costumes da população brasileira, vistos como fatores de atraso cultural.

16. Este quadro do repertório da arte brasileira deste século, adquirido por um colecionador argentino, recentemente esteve exposto em São Paulo, conforme foi amplamente noticiado pelos jornais. Assinale a alternativa correta.
a) Chama-se “Ababaçu” e é um dos melhores exemplos da técnica da aquarela da artista Anita Malfatti.
b) Foi pintado em 1929, chama-se “O Abaporu” e é de autoria da pintora Tarsila do Amaral, caracterizando-se como obra pertencente ao chamado movimento antropofágico.
c) É uma obra significativa apresentada na SAM de 22.
d) É uma obra polêmica, que provocou muitas discussões entre artistas e intelectuais.

17 Sobre a SAM, assinale V ou F:
1. ( ) O movimento modernista marcou a aproximação dos artistas brasileiros com a estética européia tradicional.
2. ( ) Ao apresentar os princípios da chamada arte moderna, a Semana de Arte Moderna marcaria uma importante ruptura cultural, que influenciaria a literatura brasileira moderna e a contemporânea.
3. ( ) Foi produzida por jovens artistas preocupados sobretudo em propagar os ideais do Futurismo.
4. ( ) Entre as propostas modernistas destacou-se, sobretudo na literatura, o engajamento com a história, em uma tentativa de se redescobrir a identidade do povo brasileiro.
5. ( ) Os modernistas, por levarem às últimas conseqüências a liberdade formal na escrita literária, desprezaram em suas obras o conteúdo.
6. ( ) O espírito acadêmico vigente na arte brasileira não contestou as propostas apresentadas na Semana de Arte Moderna.
7. ( ) O poema Os Sapos (de Manuel Bandeira), declamado durante a Semana de Arte Moderna, criticava os poetas parnasianos e a sua forma de fazer poesia.
8. ( ) Um dos objetivos dos promotores desse evento era escandalizar a sociedade, considerada retrógrada, reunindo um conjunto de obras e artistas inovadores.
9. ( ) A SAM queria lançar as bases de uma produção artística em moldes acadêmicos, pois no Brasil se valorizava tradicionalmente a produção cultural popular.
10. ( ) A SAM foi realizada no Teatro Municipal de São Paulo, apresentando novas idéias artísticas na poesia, na música e nas artes plásticas, com telas, esculturas e maquetes de arquitetura.
11. ( ) A SAM queria favorecer o contato com obras criadas na Europa, uma vez que no Brasil pouco se conhecia de arte, produzindo uma doutrina nos moldes europeus.
12. ( ) A SAM quis trazer ao País uma amostra das vanguardas européias, mediante a apresentação de obras de artistas estrangeiros.
13. ( ) Na principal noite da Semana, enquanto Menotti Del Picchia expunha as linhas e objetivos do movimento e Mário de Andrade recitava "Paulicéia Desvairada", eles foram aplaudidos de pé.
14. ( ) A Semana foi uma tomada de posição de jovens intelectuais paulistas a favor das práticas dominantes no país.
15. ( ) O programa do modernismo foi marcado pela rejeição das concepções estéticas e práticas artísticas românticas, parnasianas e realistas.
_________________________________________________________________________________________________________

18. Sobre a SAM podemos dizer que:
a) O romance regional assumiu características de exaltação, retratando os aspectos românticos da vida sertaneja.
b) A escultura e a pintura tiveram seu apogeu com a valorização dos modelos clássicos.
c) O movimento redescobriu o Brasil, revitalizando os temas nacionais e reinterpretando nossa realidade.
d) A preocupação dominante dos autores foi com o retratar os males da colonização.


















3º ano

Literatura Brasileira Modernismo (Segunda Fase)


Jornalista Rosa Rodrigues

Índice

01 – Introdução

02- Desenvolvimento

– Características Modernismo (Segunda Fase)


03 - Produção Literária

– Murilo Mendes - Leitura
– Jorge Lima - Leitura
– Carlos Drummond de Andrade - Leitura
– Cecília Meireles - Leitura
– Vinícius de Moraes - Leitura

04 - Principais Autores e Obras

05 - Conclusão

06 - Perguntas

07 - Bibliografia

Modernismo – Segunda Fase

Introdução

Recebendo como herança todas as conquistas da geração de 1922, a segunda fase do modernismo brasileiro se estende de 1930 a 1945.
Período extremamente rico tanto quanto à produção poética como à prosa, reflete um conturbado momento histórico: no plano internacional, vive-se a depressão econômica, o avanço do nazi-fascismo e a Segunda Guerra Mundial; no plano interno, dá-se a ascensão de Getúlio Vargas e a consolidação de seu poder com a ditadura do Estado Novo. Assim é que, a par das pesquisas estéticas, o universo temático se amplia e o artista apresenta-se preocupado com o destino dos homens, o “estar-no-mundo”.

Em 1945, com o fim da guerra, as explosões atômicas, a criação da ONU e, no plano nacional, a derrubada de Getúlio Vargas, abre-se um novo período na história literária do Brasil.

Desenvolvimento

Características do Modernismo – Segunda Fase
A poesia desta fase do modernismo representa um amadurecimento e um aprofundamento das conquistas da geração de 1922, percebendo-se, inclusive, a influência exercida por Mário e Oswald de Andrade sobre os jovens que iniciaram suas produções poéticas após a realização da Semana. Lembramos, a propósito, que Carlos Drummond de Andrade dedica seu livro de estréia, Alguma poesia (1930), a Mário de Andrade; Murilo Mendes, com seu livro História do Brasil, segue a trilha aberta por Oswald, repensando a nossa história com muito humor e ironia:

Festa familiar
Em outubro de 1930
Nós fizemos – que animação!
Um pic-nic com carabinas.


Formalmente, os nosso poetas continuam a pesquisa estética iniciada na década anterior, cultivando o verso livre, a poesia sintética:

Cota zero
Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?


(ANDRADE, Carlos Drummond de in: Obra
completa. 2.ed. Rio de Janeiro, Aguilar, 1967. p.
71.)

Entretanto, é na temática que se percebe uma nova postura do artista, que passa a questionar com maior vigor a realidade e, fato extremamente importante, passa a se questionar tanto um como um indivíduo em sua 
“tentativa de exploração e de interpretação de estar-no-mundo”, como em seu papel de artista. O resultado é uma literatura mais construtiva e mais politizada, que não quer e não pode se afastar das profundas transformações ocorridas nesse período; daí também o surgimento de uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo, como fruto dessa inquietação: é o caso de Cecília Meireles, de uma fase de Murilo Mendes, Jorge Lima e Vinícius de Moraes.

De qualquer forma é um tempo de definições, de compromisso, de aprofundamento das relações do eu com o mundo, mesmo com a consciência da fragilidade do eu. Observamos três momentos de Carlos Drummond de Andrade em seu livro Sentimento do mundo (o título é significativo), com poesias escritas entre 1935 a 1940:


Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo

(
“Sentimento do mundo ”)


Mais adiante, em verdadeira profissão de fé, declara:


Não, meu coração não é maior que o
mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
Por isso me grito.
Por isso frequento os jornais, me
exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
(
“Mundo grande”)



Essa consciência de ter 
“apenas ” duas mãos e o mundo ser tão grande, longe de significar derrotismo, abre como perspectiva única para enfrentar esses tempos difíceis a união, as soluções coletivas:


O presente é tão grande, não nos afastemos,
Não nos afastemos muito, vamos de mãos
dadas.


(“Mãos dadas”)


Produção Literária

Murilo Mendes

Murilo Monteiro Mendes nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1901. Ainda menino, transfere-se para Niterói, onde conclui seus estudos secundários. Em 1953 muda-se para a Europa, percorrendo vários países. Falece em Portugal em 1975.

Murilo Mendes é um poeta de curiosa trajetória no Modernismo brasileiro: das sátiras e poemas-piadas ao estilo oswaldiano, caminha para uma poesia religiosa, sem perder contato com a realidade social; o próprio poeta afirma que o social não se opõe ao religioso. Tal fato lhe permite acompanhar todas as transformações vividas pelo século XX, quer no campo econômico e político – a guerra foi tema de vários de seus poemas - , quer no campo artístico, sendo o poeta modernista brasileiro mais identificado com o Surrealismo europeu.

Já em seu livro de estréia – Poemas (1930) – apresenta novas formas de expressão, versos vivíssimos e livre associação de imagens e conceitos, características presentes em toda a sua trajetória poética.

A partir de Tempos e Eternidade (1935), escrito em parceria com Jorge Lima, Murilo Mendes parte para a poesia religiosa, mística, de “restauração da poesia em Cristo”. Sua obra ganha em densidade, uma vez que, ao lado de um dilema entre a Poesia e a Igreja, o finito e o infinito, o material e o espiritual, o poeta não abandona a temática social. Surge daí a consciência do caos, de um mundo esfacelado, de uma civilização decadente: uma constante na obra de Murilo Mendes. O trabalho do poeta é tentar ordenar esses caos,, utilizando-se para isso do trabalho poético, sua lógica, sua criatividade, sua libertação. São significativos os títulos de seus livros: A poesia em pânico, O visionário, As metamorfoses, Mundo enigma, Poesia liberdade.


Leitura

Modinha do emprego de Banco
Murilo Mendes
Eu sou triste como um prático de farmácia,sou quase tão triste como um homem que usa costeletas.Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulhermas só ouço o tectec das máquinas de escrever.Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda.Quantas meninas pela vida afora!E eu alinhando no papel as fortunas dos outros.Se eu tivesse estes contos punha a andara roda da imaginação nos caminhos do mundo.E os fregueses do Bancoque não fazem nada com estes contos!Chocam outros contos para não fazerem nada com eles.Também se o diretor tivesse a minha imaginaçãoo Banco já não existiria maise eu estaria noutro lugar.

Obras


Murilo Mendes (1901- 1975) – História do Brasil; A poesia em pânico; O visionário; As metamorfoses; Mundo enigma; Poesia liberdade; Contemplação de Ouro Preto (poesia); O discípulo dos Emaús; A idade de serrote; Poliedro (prosa).


Produção Literária

Jorge Lima


Jorge Mateus de Lima nasceu em 1895 em União dos Palmares, Alagoas. Em 1926, já formado em Medicina, ingressa na vida política, elegendo-se deputado estadual pelo Partido Republicano; em 1930, por motivos políticos é obrigado a abandonar Alagoas, indo viver no Rio de Janeiro. Falece em 1953, no Rio de Janeiro.

A exemplo de Murilo Mendes, Jorge de Lima também trilhou caminhos curiosos na literatura brasileira: de poeta parnasiano em XIV alexandrinos, chega a uma poesia paralela a uma poesia religiosa.

A poesia social apresenta belas composições quando Jorge de Lima assume a coloração regional, usando a memória de um menino branco marcado por uma infância repleta de imagens dos engenhos e de negros trabalhando em regime de escravidão:


A filha de Pai João tinha um peito de
Turina para os filhos de Ioiô mamar:
Quando o peito secou a filha de Pai João
Também secou agarrada num
Ferro de engomar.
A pele de Pai João ficou no cabo
Da enxada e da foice.
A mulher de Pai João o branco
A roubou para fazer mucamas.

(“Pai João”)


A partir de Tempos e eternidade há a preocupação da “restauração da Poesia em Cristo” em trabalho conjunto com Murilo Mendes, onde se observa a luta entre o material e o espiritual, temática que aparece também em A única inconsútil e Anunciação e encontro de Mira-Celi.

Em Invenção de Orfeu, a moda de Camões e Dante, escreve um poema épico em dez cantos, enfocando a luta de um homem indeciso entre o material e o espiritual.


Leitura

Mulher proletária
Jorge de Lima
Mulher proletária — única fábricaque o operário tem, (fabrica filhos)tuna tua superprodução de máquina humanaforneces anjos para o Senhor Jesus, forneces braços para o senhor burguês.Mulher proletária, o operário, teu proprietáriohá de ver, há de ver:a tua produção,a tua superprodução,ao contrário das máquinas burguesassalvar o teu proprietário.


Obras
Jorge de Lima (1895-1953) – XIV alexandrianos; O mundo do menino impossível; Tempo e eternidade (com Murilo Mendes); Quatro poemas negros; A túnica inconsútil; Livro de sonetos; Anunciação e encontro de Mira-Celi; Invenção de Orfeu (poesia); Salomão e as mulheres; Calunga; Guerra dentro do beco (prosa).

Produção Literária

Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902, em Itabira, Minas Gerais, região rica em ferro.

Alguns anos vivi em Itabira
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.

(“Confidência do itabirano”)


Faz seus primeiros estudos em Minas Gerais. Em 1918, estuda como interno no Colégio Anchieta, da Companhia de Jesus, em Friburgo, sendo expulso no ano seguinte, após um incidente com seu professor de Português. Forma-se em Farmácia, mas vive de lecionar Português e Geografia em Itabira. Em 1934, transfere-se para o Rio de Janeiro, assumindo um cargo público no Ministério da Educação.

A partir da década de 1950, Drummond dedica-se integralmente à produção literária; além, de novos livros de poesias, contos e algumas traduções,m intensifica o seu trabalho de cronista. Morre no Rio de Janeiro, em 1987.

Carlos Drummond de Andrade é, sem dúvida, o maior nome da poesia contemporânea brasileira. Sua obra poética acompanha a evolução dos acontecimentos, registrando todas as “coisas” (síntese de um universo fechado, despersonificado) que o rodeiam e que existem na realidade do dia-a-dia. São poesias que refletem os problemas do mundo, do ser humano brasileiro e universal diante dos regimes totalitários, da Segunda Guerra, da Guerra Fria.

Assim, o poeta é possuído de alguns momentos de esperança para, logo adiante, torna-se descrente, desesperançado com o rumo dos acontecimentos.

A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

(“Segredo”)


Mas é acima de tudo um poeta que nega todas as formas de fuga da realidade; seus olhos atentos estão voltados para o momento presente e vêem, como regra primeira para uma possível transformação da realidade, a união, o trabalho coletivo (“vamos de mãos dadas”).
Mãos dadas
não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da
janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicidas,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens
presentes, a vida presente.


(ANDRADE, Carlos Drummond de in:
Obra icompleta. 2. ed. Rio de Janeiro, Aguilar. 1967. p.11.)



É interessante notar que, em várias passagens, Drummond insiste em mostrar a impossibilidade de o homem, sozinho, realizar alguma coisa:

porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de
Manhattan

(“Elegia 1938”)

sozinho no escuro/qual bicho do mato

(“José”)

Em 1962, Carlos Drummond de Andrade seleciona poemas para a edição de sua Antologia poética; no prefácio, o próprio poeta explica o critério de seleção e divide os poemas escolhidos em nove grupos. Transcrevemos, a seguir, um trecho do prefácio:




O texto foi distribuído em nove seções, cada uma contendo material extraído de diferentes obras, e disposto segundo uma ordem interna. O leitor encontrará assim, como pontos de partida ou matéria de poesia: 1) O indivíduo; 2) A terra natal; 3) A família; 4) Amigos; 5) O choque social; 6) O conhecimento amoroso; 7) A própria poesia; 8) Exercícios lúcidos; 9) Uma visão, ou tentativa de, da existência.



Algumas poesias caberiam talvez em outra seção que não a escolhida, ou em mais de uma. A razão da escolha está na tônica da composição, ou engano do autor. De qualquer modo, é uma arrumação, ou pretende ser.
Leitura
Morte do leiteiro
Carlos Drummond de Andrade
Há pouco leite no país,é preciso entregá-lo cedo.Há muita sede no país,é preciso entregá-lo cedo.Há no país uma legenda,que ladrão se mata com tiro.Então o moço que é leiteirode madrugada com sua latasai correndo e distribuindoleite bom para gente ruim.Sua lata, suas garrafase seus sapatos de borrachavão dizendo aos homens no sonoque alguém acordou cedinhoe veio do último subúrbiotrazer o leite mais frioe mais alvo da melhor vacapara todos criarem forçana luta brava da cidade.

Na mão a garrafa brancanão tem tempo de dizeras coisas que lhe atribuonem o moço leiteiro ignaro,morados na Rua Namur,empregado no entreposto,com 21 anos de idade,sabe lá o que seja impulsode humana compreensão.E já que tem pressa, o corpovai deixando à beira das casasuma apenas mercadoria.
E como a porta dos fundostambém escondesse genteque aspira ao pouco de leitedisponível em nosso tempo,avancemos por esse beco,peguemos o corredor,depositemos o litro...Sem fazer barulho, é claro,que barulho nada resolve.


Meu leiteiro tão sutilde passo maneiro e leve,antes desliza que marcha.É certo que algum rumorsempre se faz: passo errado,vaso de flor no caminho,cão latindo por princípio,ou um gato quizilento.E há sempre um senhor que acorda,resmunga e torna a dormir.


Mas este acordou em pânico(ladrões infestam o bairro),não quis saber de mais nada.O revólver da gavetasaltou para sua mão.Ladrão? se pega com tiro.Os tiros na madrugadaliquidaram meu leiteiro.Se era noivo, se era virgem,se era alegre, se era bom,não sei,é tarde para saber.


Mas o homem perdeu o sonode todo, e foge pra rua.Meu Deus, matei um inocente.Bala que mata gatunotambém serve pra furtara vida de nosso irmão.Quem quiser que chame médico,polícia não bota a mãoneste filho de meu pai.Está salva a propriedade.A noite geral prossegue,a manhã custa a chegar,mas o leiteiroestatelado, ao relento,perdeu a pressa que tinha.


Da garrafa estilhaçada,no ladrilho já serenoescorre uma coisa espessaque é leite, sangue... não sei.Por entre objetos confusos,mal redimidos da noite,duas cores se procuram,suavemente se tocam,amorosamente se enlaçam,formando um terceiro toma que chamamos aurora.


Obras
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) – Algumas poesias; Br4ejo das almas; Sentimento do mundo; A rosa do povo; Claro enigma; viola de bolso; Fazendeiro do ar; Viola de bolso novamente encordoada; Lições de coisas, Versiprosa; Boitempo; Reunião; As impurezas do branco; Menino antigo; O marginal Clorindo Gato; Corpo (poesia); Confissões de minas; O gerente; Contos de aprendiz (prosa).


Produção Literária
Cecília Meireles

Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 1901, no Rio de Janeiro. Órfã de pai e mãe desde os três anos de idade, foi criada pela avó materna. Em 1917 forma-se na Escola normal do Rio, dedicando-se ao magistério primário. Estréia em livro com espectros (1919). A partir da década de 30, leciona Literatura Brasileira em várias universidades. Morre em 1964, no Rio de janeiro.

Cecília Meireles inicia-se na literatura participando da chamada corrente espiritualista, sob a influência dos poetas que formariam o grupo da revista Festa, de inspiração neo-simbolista. Posteriormente afasta-se desses artistas, sem contudo, perder as características intimistas, introspectivas, numa permanente viagem interior. Em vista desses fatores, sua obra reflete uma atmosfera de sonho, de fantasia e, ao mesmo tempo, de solidão e padecimento.

Um dos aspectos fundamentais da poética de Cecília Meireles é sua consciência da transitoriedade das coisas; por isso mesmo, o tempo é personagem central em sua obra: o tempo passa, é fugido.

Ao lado de uma linguagem que valoriza os símbolos, de imagens sugestivas com constantes apelos sensoriais, uma das marcas do lirismo de Cecília Meireles é a musicalidade de seus versos e as brilhantes alterações:


Rômulo rema
Cecília Meireles


Rômulo rema no rio.
A romã dorme no ramo,a romã rubra. (E o céu)
O remo abre o rio.O rio murmura.
A romã rubra dormecheia de rubis. ( E o céu)
Rômulo rema no rio.
Abre-se a romã.
Abre-se a manhã.
Rolam rubis rubros no céu.
No rio,Rômulo rema


Em Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles retoma uma forma poética de tradição ibérica, denominada romance (composição de caráter popular, escrita em redondilhas), para reconstruir o episódio da Inconfidência Mineira e extrair, de um fato passado, datado, limitado geográfica e cronologicamente, valores que são eternos e significativos para a formação da consciência de um povo. A própria autora afirma tratar-se de “uma história feita de coisas eternas e irredutíveis: de ouro, amor, liberdade, traições... ”

E exatamente para o mais eterno desses valores – a Liberdade – a poeta dedica uma das mais belas estrofes de nossa literatura. São versos escritos em redondilha maior (de sete sílabas poéticas):


Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem
acontece a Inconfidência.
Liberdade, ainda que tarde
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva
e sobe na noite imensa.


E os seus tristes inventores
já são réus – pois se atreveram
a falar em liberdade.


Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda.

(Romanceiro da Inconfidência)



Leitura

Motivo
Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta.Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento.Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se ficoou passo.Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada.E um dia sei que estarei mudo:— mais nada.



Obras

Cecília Meireles (1901-1964) – Espectros; Nunca Mais; Metal rosicler; Viagem; Vaga música; Mar absoluto; Retrato natural; Romanceiro da Inconfidência; Solombra; Ou isto ou aquilo (poesia); Giroflê giroflá; Escolha seu sonho (prosa).



Produção Literária

Vinícius de Moraes


Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes nasceu em 1913, no Rio de Janeiro. Ei-lo segundo suas próprias palavras: “capitão-do-mato, poeta, diplomata, o branco mais preto do Brasil. Saravá”. Morreu em 1980, no Rio de Janeiro.

A exemplo de Cecília Meireles, o início de sua carreira está intimamente ligado ao neo-simbolismo da corrente espiritualista e à renovação católica da década de 30. percebe-se em vários de seus poemas dessa fase um tom bíblico, seja nas epígrafes, seja diluído nos versos. No entanto, o eixo de sua obra logo se desloca para um sensualismo erótico, o que vem acentuar uma contradição entre mo prazer da carne e a formação religiosa; destaque também para a valorização do momento, para um acentuado imediatismo – as coisas acontecem “de repente, não mais que de repente” - , ao mesmo tempo em que se busca algo mais perene. Desse quadro talvez resulte outra constante em sua poética: a felicidade e a infelicidade. Em várias oportunidades valoriza a alegria:

É melhor ser alegre que ser triste
A alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração

(“Samba da bênção”)

Em outras ocasiões, no entanto, o poeta associa a inspiração poética à tristeza:


Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?

Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!

(“A um passarinho”)


Em outros momentos, busca provar que “tristeza não tem fim; felicidade sim”, e que isso independe da nossa vontade:


Dialética


É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas
simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste ...

(MORAES, Vinícius de. In: Obra poética.
Rio de Janeiro, Aguilar, 1968.p.587.)


A temática social também aparece em poemas de Vinícius, os quais lograram obter o mesmo grau de popularidade que suas composições voltadas para o amor, como é o caso de “Operário em construção”. Também é necessário salientar a importante participação de Vinícius na evolução da música popular brasileira (MPB) a partir da Bossa – Nova, em fins dos anos 90.


Leitura
A rosa de Hiroxima
Vinícius de Moraes


Pensem nas crianças mudas, telapáticasPensem nas meninas cegas, inexatasPensem nas mulheres rotas, alteradasPensem nas feridas como rosas cálidasMas so não se esqueça da rosa, da rosaDa rosa de Hiroxima, rosa hereditáriaA rosa radioativa estúpida e inválidaA rosa com cirrose a anti-rosa atômicaSem cor sem perfume sem rosa, sem nada


Obras


Vinícius de Moraes – (1913-1980) – O caminho para a distância; Forma e exegese; Ariana, a mulher; Cinco elegias; Para viver um grande amor (poesia), Orfeu da Conceição (teatro).


Conclusão

A segunda fase do Modernismo no Brasil é marcada pela grande Depressão mundial acirrou as tensões sociais e propiciou o avanço dos partidos de esquerda. O nazismo e o fascismo constituíram soluções autoritárias a que as burguesias nacionais recorreram para conter as forças de esquerda.


Foi em 1937 através da implantação de um golpe de Estado, o Estado Novo que tinha afinidades com o nazi-fascismo; a imagem de “Pai dos pobres”que Getúlio Vargas tentava vender e destinar a manipulação das classes trabalhadoras.
Com a deposição de Getúlio Vargas, em 1945, e a convocação de eleições diretas vieram as consequencias internas da derrota do nazi-fascismo na II Guerra Mundial (o Brasil tinha lutado, no exterior, ao lado dos Aliados; tornou-se insustentável manter aqui um regime similar ao de Hotler e Mussolini).


Os escravos por exemplo eram explorados não apenas no serviço pesado da lavoura, mas também numa vasta gama de tarefas domésticas, que incluíam amamentar “os filhos de Ioiô” (papel desempenhado pelas chamadas amas-de-leite) e auxiliar nos serviços caseiros ou acompanhar pessoas da família do senhor (incumbências da mucama). Essas duas figuras aparecem no poema “Pai João”, de Jorge de Lima.


Outro exemplo trata-se da era drummondiana, “Não serei o cantor de uma mulher...”. Com essas palavras (do poema “Mãos dadas”) Carlos Drummond de Andrade torna clara sua recusa á fuga da realidade representada pela idealização da figura feminina; nesse mesmo poema condena também outras formas de escapismo.


Essa portanto, foi a segunda fase do modernismo na literatura brasileira. Marcada de grandes evoluções na história política e social da nação. Representada por inesquecíveis nomes de poetas.


Questionário



1 – No Brasil, quando inicia a Segunda Fase do Modernismo?

R: A segunda fase do Modernismo brasileiro se estende de 1930 a 1945.


2 – A segunda fase do modernismo é marcada por um período extremamente rico à produção poética e a prosa. Mas também é marcada por conturbado momento histórico internacionalmente. Quais são eles?


R: No plano internacional, vive-se a depressão econômica, o avanço do nazi-fascismo e a Segunda Guerra Mundial.


3 – A segunda fase do modernismo é marcada por um período extremamente rico à produção poética e a prosa. Mas também é marcada por conturbado momento histórico internamente. Quais são eles?

R: No plano interno, dá-se a ascensão de Getúlio Vargas e a consolidação de seu poder com a ditadura do Estado Novo.


4 – O ano de 1945, é marcado na história mundial. Quais são essas mudanças?

R: O fim da Segunda Guerra Mundial, as explosões atômicas, surge a criação da ONU e, no plano nacional, a derrubada de Getúlio Vargas e abre-se um novo período na história literária do Brasil.


5 – Carlos Drummond de Andrade insiste em mostrar a impossibilidade do homem. De que impossibilidade se trata?

R: É interessante notar que, em várias passagens, Drummond insiste em mostrar a impossibilidade de o homem, sozinho, realizar alguma coisa. Ele destaca a fragilidade do EU.


7 – A poesia social apresenta belas composições quando Jorge de Lima assume a coloração regional. De que época estamos
falando?


R: Trata-se da era da escravatura. onde o próprio autor usa a memória de um menino branco marcado por uma infância repleta de imagens dos engenhos e de negros trabalhando em regime de escravidão.

8 – Quais são as características da poesia na segunda fase do modernismo?

R: A poesia desta fase do modernismo representa um amadurecimento e um aprofundamento das conquistas da geração de 1922, percebendo-se, inclusive, a influência exercida por Mário e Oswald de Andrade sobre os jovens que iniciaram suas produções poéticas após a realização da Semana da Arte Moderna.


9 – Qual o comportamento do artista da segunda fase do modernismo?

R: O artísta passa a adotar uma nova postura, desde questionar com maior vigor a realidade, à forma de exploração e a interpretação do mundo. Passa a partir daí a construir uma literatura mais construtiva e mais politizada.


10 – Por que Murilo Mendes adota uma postura de dilema entre igreja e poesia?

R: Porque o próprio poeta afirma que o social não se opõe ao religioso, ou seja; ele passa a questionar a consciência do caos, de um mundo esfacelado, de uma civilização decadente. O trabalho do poeta é tentar ordenar esses caos, utilizando-se para isso do trabalho poético, sua lógica, sua criatividade, sua libertação. São significativos os títulos de seus livros: A poesia em pânico, O visionário, As metamorfoses, Mundo enigma, Poesia liberdade.


11 – Quais foram os grandes nomes do período Modernista na sua segunda fase na literatura brasileira ?


R: Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Jorge de Lima, Vinícius de Moraes e Augusto Frederico Schmidt

12 – As obras Cecília Meireles refletem uma atmosfera de sonho, de fantasia e, ao mesmo tempo, de solidão e padecimento. Por que esse comportamento da escritora?


R: Porque para Cecília Meireles o tempo é personagem central em sua obra: o tempo passa, o tempo foge. Não volta jamais.

13 – Cite duas obras de Cecília Meireles?


R: Nunca Mais e Viagem.

14 – Quem foi Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes?


R: Popularmente conhecido como Vinícius de Moraes, conhecido pelos seus lindo poemas, também contribuiu para evolução da música popular brasileira (MPB) a partir da Bossa – Nova, em fins dos anos 90.

15 – Qual sua análise sobre a segunda fase do modernismo?


R: Marcou muito: desde o início Segunda Guerra ao término da mesma em 1945. período marcado pela força, por revoluções dentro da política brasileira, época de manipulação das classes trabalhadoras, manipulação total das forças maiores que representavam o Brasil, caso pelo atual presidente da época Getúlio Vargas, época que ficou conhecido como pai dos pobres. Período de evoluções políticas, sociais e culturais.



Bibliografia

Terra, Ernani. Gramática & Leitura – Para o 2º Grau. Volume Único – Curso Completo. Goiânia: Editora Scipione. 1994 p. 374.


Nicola, de José. Gramática & Leitura – Para o 2º Grau. Volume Único – Curso Completo. Goiânia: Editora Scipione. 1994 p. 374.

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